23.2.11

O Corpo I

Nascemos para residirmos corpos,
Nunca corações.
Corações só espancam,
Não amam.
Corpos acalentam,
Corpos extasiam,
Corpos persistem.
Brotei para morar nesse corpo,
Para correr nessas veias
E para lacrimejar nessa seiva.
Cessei para putrificar nesses ossos,
Para entorpecer nesse peito,
Para me consumir nesse canastro.
Libando vinho e tropeçando nos teus joelhos,
Baloiço ao timbre dos teus pulmões enfermos.
Rodopio cega,
Tombando para trás,
Lambendo o chão das tuas chagas.
O teu destroço meu sepulcro é.

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