16.6.10

São onze e quarenta e dois, numa sexta à noite, eu estendo-me na poltrona encardida, fumo o último cigarro, desligo o televisor, tiro as cuecas, visto uma camisola conspurca, desmaiada e rota, e aferrolho os olhos. Sinto impressões nos dedos dos pés, sinto a cabeça a capitular, sinto os braços a desagregar. Acordo abruptamente, aprumo-me, vou até à escrivaninha e discorro em fenecer a epístola que te garatujo, há cerca de duas semanas. A escrivaninha já repudiou a cor da madeira, e agora é cursada por sulcos de esferográfica e fita-cola. Entrementes, nada se passou.
Concluí por desprezar, pelo menos por mais uma semana.

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