14.6.10

Subtilmente, vou descendo a escadaria que não vive, até à entrada da nossa casa. Ao primeiro trecho, embato. Cravo-me para acordar. Açoito-me para abrir os olhos. Nada vejo, apenas o teu minúsculo e brando marchar, pelo tecido sombrio que somos nós. Nós, culpados, tão benévolos, tão nocivos, seremos responsáveis pela nossa própria decessa. Como já te tinha dito, está cada vez mais perto, e eu gemo esmagada por dentro. Volto a atear o cigarro, a nicotina cobre o cheiro a sémen que espargiste pelo nosso aposento. Tenho medo de mim, medo daquilo que causarás em mim. Permaneces sem reacção. E eu interpelo-me se algum dia chegaste a coabitar, ou se chegaste a resfolegar. E agora a vocês, camaradas, eu me dirijo. Vocês que vivem no meio da glória, no meio da intrujice, baloiçam nas vossas próprias covas. Para vocês tenho facas e navalhas apontadas. Não se avizinhem.

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