21.6.10

XXXING

"No meio de tantos corpos, frios, Ela passou a correr,
Por momentos só se ouviu os seus pés,
Leves, mas rápidos a tocar na matéria, corria.
Aquele movimento prendeu a atenção de todas aquelas almas,
Juntas numa rua escura, rodeadas de fumo de cigarro e alcóol,
Com conversas sobre amor,
Onde esse amor era discretamente trocado por sexo e tesão.
Todo este negro ritual foi interrompido pelos seus passos,
Corria de forma perfeita,
Como se tivesse passado uma vida a treinar para aquele momento,
Por segundos o silêncio possuiu tudo,
E era fácil ouvir o respirar dela passando entre todos,
Como se a cidade se tivesse calado para ouvir loucamente o seu corpo,
Em velocidade, de saia preta e baton verde...
Ninguem sabia se era a pressa de ir ou partir,
Ninguem sabia se era a pressa de chegar ou deixar,
Eu sabia que cada leve movimento que ela tinha, me fazia queres mais.
Uma nódoa negra, do tamanho de um palmo,
Via-se facilmente do lado de dentro da coxa,
Quando ao correr,
Ela abria as pernas, isto captava a minha atenção.
Alguns fios de cabelo presos na alça do sutiãn,
Davam aquele decote ainda mais sedução,
E com aquele corpete brilhante como metal,
Era como se ela deixa-se um rasto de luz ao movimentar-se,
Como se o seu peito fosse néon, ou os seus lábios brilhassem no escuro.
E Eu,
Conseguia imaginar, na minha cabeça apenas,
Aquelas mãos cobertas de anéis, a afastarem a minha cabeça,
Enquanto lhe mordia a perna, ainda com os collans vestidos,
Num quarto preto, com um pequeno candeeiro de cristal.
Com uma pequena televisão ligada, no canal 0, a dar ‘chuva’.
Ela pedirme-ia para por a toca um vinyl vermelho que estava no chão,
Eu partilo-ia à sua frente enquanto lhe mordia o lábio,
Como se lhe disse-se: não quero ouvir musica,
Quero ouvir novamente o teu respirar,
Desta vez por razões diferentes.
Imaginava eu...
Ela continuou a correr e era cada vez mais dificil segui-la com o olhar,
Dificil segui-la visualmente no escuro, perdia.
O ambiente normalizou e perguntei: -quem era ela?
-Esquece, é doente. Responderam-me.
Horas depois, com um corte no lábio, uns brincos enormes
E uma mão a tremer, ela tocou-me no ombro,
Olhei para trás e ela disse:






-Sim, aprovo tudo, mas insisto que ponhas o vinyl a tocar."



david.

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