24.1.11

Só, só e só. Enfureço por estar só. Só estou, estou só. Vou ficar só, na nossa cama, no meio das nossas mortalhas, percorrendo todo o colchão com o pé, esperando tocar o teu canastro. Está tudo gélido, não há canícula, não há o ardor do teu corpo incandescente. O teu corpo néon deitado do nosso leito. Onde está? Careço-o. Nostalgias do teu corpo. Jornadas no teu ventre, saltando cada costela, até chegar às clavículas. Colidir em teu corpo é cair no amor. Os teus ossos evidentes são o delito, o pecado, o flagelo em figura de coisa. Amar o teu corpo é cessar no teu corpo. Teu corpo, tão eterno e rematado, trilho das almas atormentadas, artéria da minha decessa. Mundo cru, tudo infame; tu pulcro, sublime. Efémera juventude, fugaz mocidade. Agora jamais, jamais.

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